Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
PRATOS QUE CAEM
De vez em quando, é preciso deixar os pratos caírem!
Se suportamos pratos e mais pratos novos a cada dia, muito além da nossa capacidade e resiliência, passamos ao outro a impressão errada. Alguém vai imaginar que estamos lhe autorizando a colocar ainda mais pratos em nossa pilha, já tão difícil de equilibrar.
Claro que vai fazer barulho, muito barulho. São pratos de tanto tempo acumulados indo ao chão. Mas é bom que o barulho seja quase ensurdecedor para chamar a atenção daqueles que nos oprimem com um peso muito acima do que aguentamos.
A sujeira, nesse caso, é bem-vinda. Não dá para esconder embaixo do tapete. Cacos grandes cacos pequenos, estilhaços. Está na hora de tudo ir para o lixo e iniciar uma nova pilha de pratos.
Podemos escolher os pratos. Mais leves, duráveis, coloridos. Com os anos, descobri que muitos pratos não valem a pena. Ocupam espaço, incomodam, pesam nas mãos, nos ombros e na alma.
A pilha tem de ter robustez, mas também leveza. Deve ser bonita de se ver. Mas, principalmente, deve dar prazer e orgulho para quem a carrega. Quantos pratos deve ter uma pilha, cabe a cada um decidir. Só você pode determinar os limites do equilíbrio. E seus chefes, amigos ou familiares devem respeitar sua pilha, que é do seu jeito, única.
Simples assim!
São Paulo, 14/09/2021