Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
A MANDÍBULA
DE CAIM
O livro A Mandíbula de Caim está entre os mais vendidos não só no Brasil, mas no mundo. Entretanto, é um livro ainda pouco conhecido, publicado em 1934, e que atualmente foi redescoberto.
A Mandíbula de Caim não é um livro comum, como estamos acostumados. Como já vem escrito na capa da Editora Intrínseca, é o que chamamos de Livro Enigma, ou seja, ele tem uma história, só que ela vem completamente embaralhada e cabe ao leitor colocá-la em ordem.
Vamos entender. O escritor Edward Mathers, além de tradutor, foi também quem introduziu as palavras cruzadas enigmáticas lá no ano de 1924, quase cem anos atrás, no jornal inglês The Observer. O escritor era conhecido pelo apelido de Torquemada e até o seu apelido não era comum, já que Tomás de Torquemada foi o frade dominicano que se tornou o primeiro inquisidor geral da Espanha e que estava longe de ser bonzinho. Talvez a intenção do escritor tenha sido exatamente essa, de passar a imagem daquele que investiga, que interroga. Mesmo que o apelido seja de gosto duvidoso.
Torquemada era um homem muito culto, lia tudo que lhe caía nas mãos e suas palavras-cruzadas acabaram ganhando um monte de fãs que, semanalmente, o acompanhavam pelo jornal. Em 1934, ele publica uma seleção de quebra-cabeças com jogos, antístrofes, acrósticos, anagramas para serem solucionados e, no final dessa publicação, está justamente A Mandíbula de Caim, que atualmente é publicada separadamente da série original.
Mas vamos ao livro. Sobre o título, Mandíbula de Caim é tida como a primeira arma conhecida, já que se imagina, porque isso não está escrito no livro da Gênesis, é mera suposição, de que Caim tenha matado seu irmão Abel usando uma mandíbula de animal. Logo no início do livro de Torquemada há o aviso de que a história tem uma ordem inevitável. E esse aviso é importante porque quando a gente termina de ler o livro pela primeira vez, a impressão que se tem é que não há qualquer nexo na história. Então ter a certeza de uma ordem a ser descoberta é fundamental. Além disso, o aviso termina dizendo que é um quebra-cabeça extremamente difícil e não recomendável para os que têm coração fraco. E, claro, aí é uma provocação. O autor está nos desafiando a desvendar o mistério.
O que você precisa saber é que não basta colocar a história em ordem. Você tem de descobrir os nomes completos dos seis personagens que são assassinados e também quem são seus assassinos. Achou que era fácil?
A editora dá uma mãozinha já que as cem páginas que trazem os cem textos curtos que compõem o livro vem com a margem serrilhada para que possa ser destacada e você conseguir montar sua própria sequência da história. Além disso, no final de cada página há um espaço para notas. Recomendo que nesse espaço você anote os nomes de todos os personagens que aparecem no trecho, mas essa é a minha única dica e termina aqui. Cabe a você, leitor, encontrar os caminhos que o levarão a decifrar o mistério.
Leia com atenção a carta de Marco Lucchesi, para a edição brasileira. Quem sabe ele também não lhe deixou alguma dica.
Quero avisá-lo que, desde que o livro foi publicado pela primeira vez, somente três leitores conseguiram desvendar o mistério corretamente. Se você achar que é o próximo pode mandar a resposta para a editora que ela lhe responderá. Bom divertimento!
Vídeo-resenha: https://www.youtube.com/watch?v=WoVlh5A2DaM
FICHA TÉCNICA
Título Original – Cain's Jawbone
Edição Original – 1934
Edição utilizada nessa resenha: 2022
Editora - Intrínseca - Rio de Janeiro
Páginas: 116