Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
A NOVA RITALINA
Pais de filhos muito ativos e comumente muito espertos, quando não conseguem acompanhar a energia de suas crianças, nem estabelecer rotina e fazer com que os pequenos obedeçam, costumam se desesperar. Como gestora de instituições de ensino vi crianças e adolescentes tomando medicamento Ritalina como se fosse bala, sem qualquer necessidade real. Claro, é muito mais fácil dar um remédio do que educar.
Atualmente, pais que querem terceirizar suas responsabilidades apoiam escolas cívico militares, o quê, como educadora, ao mesmo tempo me assusta e me deixa horrorizada.
Esse tipo de escola se vangloria de dar disciplina aos alunos. O que os pais não se perguntam e, na verdade, nem querem saber, é "como". Como essa disciplina militar é obtida? Eu respondo. Usando o medo, a punição, tolhendo a criatividade, reprimindo a liberdade de pensar e agir. Formam soldadinhos obedientes que seguem ordens, até as mais absurdas, mas são incapazes de pensar por si próprios, de argumentar de forma convincente, são incapazes de possuir e expressar sua opinião individual sem medo, sem seguir a manada.
Não se engane! Escolas cívico militares têm apenas uma finalidade: criar massas obedientes para seguirem cegamente regimes extremistas. São também a nova Ritalina para pais incapazes de criarem, ao mesmo tempo, filhos disciplinados, criativos, questionadores e que no futuro serão cidadãos críticos e úteis à sociedade.
Brasília 27/08/24