Miriam Bevilacqua

          Leio que um jovem de 24 anos, dirigindo em alta velocidade um porsche, no valor de mais de 1 milhão, bateu em outro carro, de um motorista de aplicativo.  O motorista do aplicativo, que estava trabalhando, morreu e a polícia permitiu que o jovem irresponsável não fizesse nem o teste do bafômetro para ver se estava alcoolizado.

          Sua mãe retirou-o imediatamente do local, alegando que iria levá-lo a um hospital, mas isso jamais aconteceu, ou seja, uma mãe que mente e acoberta. Impressionante como o dinheiro continua abrindo exceções para os milionários.

          Alguém pode alegar que ele é jovem. Claro que é, mas não é um adolescente e muito menos uma criança. É um adulto. Aos 24 anos, eu já havia concluído duas faculdades, trabalhava o dia todo, já era casada, cuidava da casa e dirigia meu fusca com responsabilidade. Se eu sou um exemplo? Claro que não. Eu sou só normal, pois é assim que agem milhares de jovens há muito tempo.

     Entretanto, é cada vez mais comum encontrarmos jovens infantilizados sendo poupados de suas responsabilidades, agindo como idiotas. E, quanto mais dinheiro tiver, mais coisas idiotas o infantil se acha no direito de fazer. Por quê? Porque seus pais os criaram assim, eximindo-os das consequências dos seus atos.

        Várias vezes, como educadora, disse a pais que faz parte do processo de crescimento e amadurecimento deixar que a criança ou adolescente se sinta culpado, reconhecendo seus erros. Se isso não ocorre, teremos adultos que se acham os donos do mundo. O sofrimento do arrependimento não pode ser evitado, ele é necessário para educarmos indivíduos que convivam bem em sociedade.

          Os adultos que se acham a última bolacha do pacote e agem com "mimimi" toda vez que são repreendidos ou cobrados, têm de entender que não são o centro do universo e que as regras de se viver em grupo valem para todos.

          Não pode!!! Essa é a frase mágica. Não podem dirigir em alta velocidade, não podem trafegar no acostamento, não podem parar em fila dupla, não podem desrespeitar professores, pais, colegas ou estranhos, e se fizerem qualquer coisa errada têm de ser responsabilizados e aceitar as consequências de seus erros, sejam elas quais forem, até mesmo prisão, expulsão da escola, castigo, etc...

         Se o respeito aos outros não voltar a ser valorizado e cobrado, muitos pobres e indefesos ainda vão morrer, sofrer, serem vítimas de adultos infantis e babacas.

SP 02/04/2024