Miriam Bevilacqua

          Sou filha, neta e bisneta de mineiros. Apesar de paulista, minha criação foi mineira.

        Cresci comendo biscoito de polvilho, pão de queijo, tomando “cafézim” quentinho e tentando adivinhar qual era o “trem” a que minha família se referia.

      O mineiro possui um dialeto só seu, o “mineirês”, que eu conheço muito bem. “Quecequé”, “quiscoisa”, e tantos outros termos mineiríssimos, além de ser um prazer de ouvir, faz com que minhas muitas memórias felizes sempre despertem.

        Depois de anos, retornei a Minas. Fiz um roteiro que envolvia saudade, turismo, arte e história. Comecei por Poços de Caldas. Não conhecia Poços, mas durante toda a minha infância via uma foto de meus irmãos mais velhos com meus avós, em uma praça de Poços de Caldas, ao lado de uma charrete com um lindo carneiro. Os netos iam ficando mais velhos e ganhavam o privilégio de viajar com meus avós. Na minha vez, meu avô ficou doente e eles nunca mais retornaram a Poços. Nunca esqueci a foto e a frustração. Mas a praça estava lá, do “jeitin” que eu sempre imaginei.

          Minha segunda parada foi a Serra da Canastra. Influenciada agora, não por minha mãe, mas por meu filho que insistia na beleza do Parque. Fui, fiz trilha, descobri cachoeiras belíssimas, respirei o ar mais puro que meus pulmões já sentiram e ainda vi a fabricação do delicioso queijo da Canastra com direito a provar de tudo. Parecia até “cadivó”!

        Professora que se preze não pode deixar de incluir Inhotim no roteiro. É uma imensidão que precisa de pelo menos dois dias para se ver tudo e sentir a arte que se impõe entre lindos jardins bem cuidados. Com tantos artistas tão diferentes, o parque convida à contemplação e ao pensar. “Bão” demais!

          Por fim, as cidades históricas. Já conhecia Ouro Preto, Tiradentes e Mariana, mas depois de anos, é sempre um outro olhar. Fiz um passeio pela maior mina de ouro da região. Revivi a história dos Inconfidentes e me emocionei frente ao primeiro exemplar de Marília de Dirceu. “Dimaidaconta”!!

               Minas é um país dentro do Brasil.

         Engordei cinco quilos, dei muita risada, enchi os olhos de verde e beleza, mas, principalmente, consumi afeto de todas as formas, gostos e tamanhos.

         Se eu gostei da viagem? Uai, que pergunta mais besta, “sô”!! “Cê num intendeu nadinha de nada, né?”

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SP 12/07/23