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GRANDES ESPERANÇAS

          Eu sou uma fã do escritor inglês Charles Dickens. O primeiro livro que li do autor foi Oliver Twist quando tinha apenas dez anos e era o meu primeiro livro grande, de muitas páginas, e marcou, com certeza, a minha leitura pra sempre. Nesse resenha pretendemos traçar um painel da obra de Dickens, falando de seu livro mais importante. Vamos descobrir qual o grande mérito da narrativa de Dickens. Por que ele se tornou imortal?

          Dickens é um autor do século XIX, mas que fala de coisas universais e atemporais como os sentimentos e, por isso mesmo, ainda é tão atual. Além disso, é uma escrita que foi a precursora das novelas de rádio e televisão. Sempre em capítulos curtos, pois eram publicadas em jornal, misturando mistério, suspense, humor o que torna a leitura bem leve, apesar de muitas vezes, estar falando de coisas tão difíceis como a pobreza.

          Aliás, a pobreza marcou profundamente Dickens e está presente em quase todas as suas obras. Para entendermos essa constante em seus livros é preciso conhecer a história do próprio autor. A família de Dickens não era rica, mas eram remediados e tinham uma vida até satisfatória, o que permitiu que, na infância, Dickens tivesse uma boa educação e lesse muito. Mas o pai de Dickens era um perdulário, um gastador, e queria viver uma vida muito acima de suas posses. Isso levou a família à ruína e eles tiveram de se mudar e, praticamente, se esconder dos credores em um bairro pobre de Londres.

          Dickens com apenas 12 anos foi trabalhar em uma fábrica de graxa de sapatos e era ele quem sustentava a família. Anos mais tarde, seu pai receberia uma herança que melhoraria consideravelmente a vida da família, mas sua mãe, por uma razão que nós desconhecemos, não permitiu que ele deixasse de trabalhar na fábrica e Dickens jamais a perdoou por isso. Então, essa vivência na fábrica e da pobreza do bairro onde a família vivia, vão estar presentes em suas histórias.

          Grandes Esperanças é considerado a sua obra-prima, o seu principal livro. E, como eu disse antes, também fui publicado primeiramente em jornal o que exigia um ritmo ágil da narrativa. Conta a história do personagem Philip Pirrip e como era um nome bastante engraçado, ele acabou ficando conhecido pelo apelido de Pip.

          Pip morava com a irmã mais velha e o cunhado, pois seus pais tinham morrido e não tinha outra parente. A irmã estava longe de ser uma pessoa fácil, ela era mandona, brava, e, constantemente, batia em Pip e até mesmo no marido. Como os dois eram vítimas da mesma mulher, Pip e seu cunhado, que era um ferreiro, acabaram se tornando grandes amigos e o cunhado sempre tentava proteger o menino.

           Duas coisas vão acontecer na infância de Pip que marcarão o seu destino. O primeiro fato foi ele estar no cemitério, visitando o túmulo dos pais, quando um preso fugitivo o vê e exige que lhe traga comida e uma lima para poder serras as algemas. Morrendo de medo da irmã, mas ainda com mais medo do preso foragido, Pip rouba um pouco de comida da despensa, inclusive, um empadão que a minha irmã havia feito para um almoço com convidados, mas Pip não sabia, e também pega uma lima na ferraria do Joe, seu cunhado.

          O preso fica grato ao menino, mas logo depois se mete em uma briga com outro foragido e ambos são presos pela polícia.

        O outro fato foi uma senhora muito rica ter pedido a um conhecido que lhe enviasse um menino para que ele lhe ajudasse a caminhar pelo quarto e também para brincar com sua filha adotiva, chamada Stela. A mulher tinha sofrido uma grande decepção amorosa e não saía do quarto de jeito nenhum.

          Esses dois acontecimentos vão dar uma grande reviravolta no destino da criança Pip e, apesar de ser apenas mais um menino pobre do interior, vão ser depositadas nele grandes esperanças. Quais são essas esperanças? Você vai ter de ler o livro pra saber. Eu não quero dar spoiler, mas Dickens consegue manter o suspense quase até o final do livro. Nós leitores acompanhamos com interesse a trajetória de Pip até a vida adulta. Uma curiosidade é que como as novelas atuais, Grandes Esperanças era uma obra aberta, ou seja, seu autor ia escrevendo e publicando os capítulos no jornal. Desta forma, Dickens tinha em mente um final para o livro, mas como o público rejeitava tal final, ele cedeu e fez a vontade do público.

          Voltando então à nossa pergunta do início: Qual o grande mérito da narrativa de Dickens? Por que ele se tornou imortal? Porque ele conseguia manter uma narrativa acessível, agradável, falando de temas universais como o amor, a ambição, as mágoas e ainda fazer uma enorme crítica social àquela sociedade industrial de seu tempo, que empregava crianças em suas fábricas e que permitia que milhares passassem fome. Ele queria com sua obra alertar e poder ajudar na reforma da sociedade, mas não podemos dizer que eram romances frios, completamente realistas. Havia romance e entretenimento.

          Dickens escreveu inúmeras obras e a grande maioria foi adaptada ao cinema e ao teatro. Escreveu o conto que talvez seja o filme de Natal mais assistido de todos os tempos que foi traduzido para o português como O Conto de Natal. Enfim, para conhecer a obra de um dos maiores escritores de todos os tempos, eu recomendo começar por Grandes Esperanças, mas continuar lendo todos os seus livros. É uma leitura extremamente prazerosa e que dá um bom painel da sociedade da revolução industrial na Inglaterra.

Vídeo-resenha: https://www.youtube.com/watch?v=ak5VR01JwoQ

FICHA TÉCNICA

Título Original – Great Expectations

Edição Original – 1860/1861

Edição utilizada nessa resenha: 1984

Editora: Abril Cultural

Páginas: 492

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