Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL
Fiz um curso de inteligência artificial. Um curso bem básico, mas fiquei assustada e, ao mesmo tempo, fascinada com o poder da IA. Nem o céu parece ser o limite quando se compreende tudo do que ela é capaz de fazer ou, no meu caso, “quase” tudo.
Durante a aula, o professor pegou uma simples foto de um homem de paletó e gravata. Mandou que a Inteligência Artificial fizesse um vídeo daquele homem da foto correndo e, quando eu já estava maravilhada com o resultado desse vídeo, ele ainda deu um outro comando para que quando o homem corresse, ele fosse se transformando em um dinossauro. Foi algo impressionante.
E, por mais que a IA tivesse feito um dinossauro de três pernas, quando o professor pediu para que fosse corrigido para duas pernas, explicou a rapidez da aprendizagem da IA, ou seja, quando alguém pedir novamente para que se transforme um homem em um dinossauro, ela não errará novamente, ela fará com duas pernas.
Tenho a impressão de que a Inteligência Artificial, no futuro, será estudada como um marco nas nossas vidas como foi o uso do computador pessoal.
Essa foi a parte do fascínio, mas também teve a parte do susto. Por mais que eu acredite que sempre haverá um ser humano por trás da Inteligência Artificial, fiquei pensando na redução de trabalho e, consequentemente, na de empregos. Se uma pessoa sozinha é capaz de fazer um vídeo praticamente do nada, o que acontecerá com os operadores de câmara, os editores, os atores, os figurinistas e tantas outras profissões que gravitam em torno da produção de vídeos?
Se a Inteligência Artificial já é capaz de elaborar textos cada vez melhores e de traduzir quase à perfeição, o que acontecerá com redatores e tradutores? Talvez cronistas, dramaturgos, escritores como eu, que usam a criatividade como matéria-prima, consigam se diferenciar um pouco, mas, por quanto tempo? Se ela aprende exponencialmente e tem o repertório da humanidade a seu dispor, quem sabe ela não conseguirá se transformar em um escritor brilhante no futuro? Um misto de Shakespeare, Machado de Assis, Charles Dickens, Dostoiévski, pegando o melhor de cada um.
Não sei em quanto tempo a IA estará no dia a dia da humanidade como algo absolutamente corriqueiro, mas sei que será rápido porque ela é muito rápida. O que eu me pergunto é: como conseguiremos diferenciar no futuro o que é verdade e o que é mentira, quem fez o quê, e, o mais importante, como vamos nos reinventar para acompanhar a sua inteligência que pode ser artificial, mas tende a ser muito maior do que a nossa, combinando todos os nossos saberes?
Fascinante e assustador!
SP 29/10/2024