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JORNADA NAS ESTRELAS

         Estou com uma baita preguiça de escrever, mas esse compromisso de publicar crônica toda terça-feira me obriga. No geral, acho ótimo ter a obrigação da data certa porque escritor costuma procrastinar. Deu qualquer folguinha, ele já inventa outras coisas pra fazer e se perde no meio de um monte de desculpas. Mas tem dias, como hoje, que a tevê me chama.

        Nada descansa tanto a minha mente como a tevê. Subo a bordo da Enterprise e vou ao espaço, à ultima fronteira onde nenhum homem jamais esteve. E, por quase uma hora, não preciso pensar na triste hipótese de meu povo enganado votar em quem lhe detesta. Detesta pobre, aposentado, negro, gay, mulher, detesta gente inteligente porque não conseguiria nunca alcançar uma mente brilhante, não alcança nada, além de um gatilho de revólver.

          A Enterprise chega a um novo planeta. É o primeiro contato e diz a norma primeira da federação que não se deve interferir. Os habitantes do novo planeta estão em guerra e vão se matar. Há um dilema ético em jogo: deixar que milhões morram de fome, de frio, sem moradia, morando em barracas nas ruas, sem educação, sem suas florestas, ou interferir e evitar a destruição daquele lugar tão bonito?

        Os tripulantes da Enterprise entendem que precisam fazer algo e, sem que os habitantes do planeta percebam, queimam todas as suas fontes de energia. Por dois dias inteiros, os conspiradores contra a vida não vão poder mandar mentiras e mais mentiras por todos os meios de mensagens e redes sociais. Gritam, esbravejam, espumam pela boca o ódio que corre em suas veias, mas de nada adianta.

        Ao final dos dois dias, as pessoas começam a se desintoxicar de mais de quatro anos de dominação das mentes. Olham umas para as outras, perdidas, se perguntando o que havia acontecido, como puderam ter sido tão enganadas. O conspirador que está no poder é preso junto com seus filhos e outros colaboradores. Vão ter de pagar por todos os seus crimes na prisão de um planeta muito, muito distante, no final da galáxia.

         Puxa!! Adoro tevê e finais felizes. Mais divertido do que se tivesse de escrever uma crônica.

         SP 25/10/22

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