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          MEU MICHEL

          Quando começamos a falar da obra do escritor israelense Amós Oz, escolhemos seu livro mais diferente do restante de sua obra, mas extremamente rico em simbologia que é De Repente nas profundezas do Bosque, que eu considero um dos mais bonitos entre seus livros.

          Meu Michel é outra obra de Amos Óz, mas essa bem mais característica de sua escrita que retrata, na maioria de seus livros, uma realidade bem contextualizada no ambiente israelense, seja num Kibutz ou em alguma cidade logo depois da criação do Estado de Israel que aconteceu em 1948.

        Meu Michel, publicado na década de 60, conta a história do jovem casal formado por Hana e Michel que se conhecem ainda na universidade. Eles moram em Jerusalém, cidade onde também nasceu o escritor Amós Oz. A história do casal será narrada em primeira pessoa por Hana e, por isso, o título com o pronome possessivo Meu Michel.

         Quando o livro começa, Hana nos diz que está em janeiro de 1960 e vai buscar as suas memórias desde que conheceu seu marido, Michel, há dez anos. Então a história vai se passar durante a década de 50, em uma Jerusalém de um estado recém-criado e lutando para se afirmar. Hana diz sobre Jerusalém: “uma cidade recolhida dentro de si mesma.”, o que também é muito parecido com a própria Hana, uma personagem extremamente voltada para o seu interior.

        Hana e Michel são muito diferentes e essa diferença vai se acentuando cada vez mais com o passar do tempo. Michel é uma pessoa simples, com ambições comuns e dotado de uma personalidade bastante afável. Já Hana busca por algo que nem ela mesma sabe o que é.

        Se você espera uma leitura fácil, de entretenimento, então Amós Oz não deve ser sua escolha. A escrita de Oz é densa, construída de detalhes e percepções. Não é uma história com muitos fatos extraordinários, mas com a interiorização da personagem principal. Nós vamos acompanhar a história pelo olhar da Hana e pelos sentimentos profundos que a personagem vivencia. E ela vai, cada vez mais, voltando-se para dentro, fugindo da realidade do dia a dia.

          Quando Amós Oz recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Israel, em 1998, uma ala da direita de seu país entrou com uma queixa contra ele, dizendo que sua escrita provocava dor. Ora, na minha opinião, esse é um grande escritor. Aquele que nos faz sentir a dor presente em sua história ou em seus personagens.

         Se você gosta de literatura focada na análise psicológica de uma personagem ou de uma sociedade, Amós Oz é um mestre. Além disso, o que também me agrada em seus livros é o quanto aprendemos sobre Israel e sobre o modo de vida de sua sociedade, lendo esse autor.

Vídeo-resenha: https://www.youtube.com/watch?v=bQHm7EMq9io

FICHA TÉCNICA

Título Original – Michael Shelí

Edição Original – 1987

Edição utilizada nessa resenha: 2019

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 302

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