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NAVEGAR O TEMPO

          Há o tempo de cuidar do jardim e o tempo de ficar deitada, lendo um livro.

          Há o tempo de pintar parede e o tempo de escrever.

   Somos feitos de tempos. Alguns tempos são longos, quase intermináveis, e outros tempos voam, por mais que tentemos retê-los.

          Aproveitamos o tempo. Desperdiçamos tempo.

          Às vezes, sinto que o tempo escorrega entre os meus dedos.

     O tempo corre como um rio de cachoeira, às vezes calmo, às vezes, bravo, às vezes surpreendente. Persistentemente, contorna todos os obstáculos para fluir livremente. Como as águas de um rio, lá vai ele correndo sempre para frente para jamais retornar.

          Há o tempo de lembrar e o de esquecer.

          Há o tempo de conquistar e o de doar.

       Por mais que vendemos, aluguemos ou emprestemos o nosso tempo, ele ainda nos pertence, e a decisão do quê fazer com ele, também.

        Tem gente que usa o tempo como desculpa, outros usam o tempo como aliado.

        Mais valioso que petróleo, ouro ou criptomoeda, o tempo é recurso finito, uma vez perdido é irrecuperável.

       Sinto saudade do tempo de brincar na rua, namorar escondido, tempo de acertar, tempo de errar, tempo de tentar de novo.

       Olho o tempo de fora e me dói o tempo de dentro. Busco um tempo que não existe mais. E só quero tempo para procurar mais um pouco.

         Tanto ainda a fazer em tão pouco tempo!

         Mas é tempo de começar a preparar o ir.

         Outrora, tempo de nascimento, um dia, o tempo da finitude.

     

        São Paulo 28/10/2025

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