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NO PAÍS DAS EMENDAS

                 De vez em quando, tenho uns sonhos estranhos. Com o quê eu sonho?

            Depois eu que sou abelhuda!! Já percebeu que você quer saber tudo, leitor enxerido? 

                 Enfim... sonho que caí no buraco do coelho. Ele já passou apressado, consultando o relógio e dizendo que estava atrasado. Olhou bem para mim e me disse que eu não era Alice. Nossa! Que observador!! Quando muito eu poderia ser a avó da Alice.

              Eu ia responder, mas não deu tempo. Ele já estava longe! Limpei o vestido azul cheio de babados e fiz uma careta. Quem cai em um buraco com aquele vestido cheio de laçarotes? "Que bom seria se os absurdos não fossem absurdos", diria Alice.

          Olhei para o lado, completamente perdida e comecei a andar na esperança de encontrar a tal mesa de chá, e nem foi preciso esperar muito. Lá estava o chapeleiro maluco com um bule de chá quentinho. Novamente, ouvi que não era Alice e torci o nariz. Ele riu e me perguntou como iam as coisas no mundo de cima. Pensei na terrinha e me deu até vontade de chorar.

          Como explicar que havia uma lula escolhida pelo povo para tornar a sociedade mais justa, mas tinha um monte de ratos que gostavam de queijo “emental”? Os ratos gordos e gulosos não deixavam que a lula fizesse nada sem pagar uns bons bocados de queijo. Cada vez queriam mais queijo, enquanto o resto dos animais morria de fome.

        O chapeleiro me olhou com dó. "Lula e ratos??", ele pergunta, levantando a cartola. Sei que ele é maluco, mas acho que é mais são do que muito rato. Até me convenceu a ir falar com a rainha de copas. Tinha certeza de que ela poderia me ajudar. Lembrei-me da rainha cortando as cabeças e tremi de medo, mas a terrinha era a terrinha. Não havia outra.

          A rainha me obrigou a jogar críquete. Disse que era um jogo político. Tive vontade de fugir, não conheço esse jogo idiota. Entretanto, sem querer, acertei uma jogada. A rainha ficou bem brava, mas ganhei o jogo e também sua atenção para escutar o meu problema que ela resolveu facilmente.

          Chamou o gato listrado e o convocou para passar uns tempos no reino de cima. Ele e todos os seus amigos, listrados e malucos. O gato sorriu animado. Algo me diz que agora os ratos vão ficar bem comportados.

            Toca o despertador. De Alice não sobrou nem um laçarote.

SP 30/05/2023

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