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NÃO FUJA DO VENTO

          Bateu um vento. Começou fraquinho como todo vento, mas foi aumentando de intensidade até se tornar um vendaval. Não destruiu casas, não içou carros, não feriu ninguém, só o orgulho de alguns. Era um vendaval amigo, vendaval da união que embaralha almas e afetos, encomendado por Deus ou por qualquer outra divindade que as pessoas quiserem.

              De tempos em tempos, um vento um pouco mais forte é necessário para rearrumar o mundo. Carregar o pó para outro lugar, espalhar sementes de frutos e flores que ajardinarão os olhares. Quanto mais flores melhor. Elas vão atrair abelhas que fazem o mel e o doce transformará os corações que o tempo os fez sem sabor, ou até pior, amargos.

           Gosto do vento. Fecho os olhos e deixo que ele me acaricie o rosto. Lembro-me dos cata-ventos da infância. Coloridos, girando sem nenhum outro propósito, além de nos fazer feliz. Esse vento é assim.

               De que cor é o vento?

              De todas as cores porque ele não pertence a ninguém, mas, ao mesmo tempo, é de todos nós.

           É o vento que leva a umidade para todos os cantos do Brasil, provocando as chuvas, o elemento água tão fundamental à nossa existência, que lava as ruas desse ódio sem sentido e que deixa nossos campos mais verdes de esperança.

             É o vento que gira os moinhos e produz energia boa de dividir.

          É o vento que empurra a poluição para longe e traz o ar puro com muito oxigênio para respirarmos novamente, sem máscaras, sem medo.

           É o vento que impulsiona a vela do nosso barco para um porto seguro e aportaremos, com certeza, em um novo ano, vestidos de branco e cantando juntos.

          Brisa, alísios, monções...não fuja do vento. Deixe o vento soprar. Eu lhe asseguro: são bons ventos!

SP 01.11.22

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