
Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
O FANTASMA DA ÓPERA

O Fantasma da Ópera é uma obra bem conhecida, em virtude do sucesso do musical. Entretanto, muita gente pensa que O Fantasma da Ópera nasceu como um texto dramatúrgico, uma peça de teatro, mas não. O romance do escritor francês, Gaston Leroux, lançado no comecinho do século XX, é que deu origem ao musical da década de 80, que fez e ainda faz tanto sucesso no mundo inteiro, há décadas.
A história de O Fantasma da Ópera apareceu primeiro em pequenos capítulos entre 1909 e 1910, num Jornal francês chamado Le Gaulois, jornal que fez bastante sucesso e que tinha escritores famosos entre seus colaboradores, inclusive, Emile Zola. Le Gaulois vai se fundir com outro jornal, o Le Figaro, por volta de 1928, e então desaparecer.
Já o romance de Leroux foi publicado em volume ainda em 1910 e foi baseado em rumores que corriam por Paris de alguns mistérios que aconteciam no subterrâneo do prédio da famosa Ópera Garnier em Paris. Aliás, Gaston Leroux era um repórter policial da época e fazia a cobertura de grandes crimes para diversos jornais. Tornou-se um repórter famoso e depois também um escritor famoso, principalmente, de literatura policial.
A história de O Fantasma da Ópera começa já relatando acontecimentos estranhos que vêm acontecendo no prédio da Ópera. Os dois diretores antigos pediram demissão e está havendo uma pequena homenagem para a despedida deles com a apresentação da peça Fausto. Naquele dia, a cantora principal não pode atuar e é substituída por uma jovem até então desconhecida, chamada Christine Daaé e que canta tão maravilhosamente bem que encanta a todos.
Os dois diretores antigos contam aos novos que estão se demitindo porque não aguentam mais as exigências do fantasma que habita a Ópera de Paris. As exigências são de que o camarote número 5 fosse sempre reservado e que ainda houvesse um pagamento em dinheiro, mensalmente. Na verdade, o fantasma é um homem de rosto desfigurado, chamado Erick, que vive no subterrâneo do prédio com vergonha de sua aparência.
Já Christine é uma jovem que cresceu aprendendo música com seu pai, um violinista talentoso e que a ensinou a cantar. Além disso, ele lhe contava muitas lendas escandinavas e dizia que existia um anjo da música. Quando ele morre, ela é acolhida por um casal amigo de seu pai e continua a sua carreira, mas sem muito sucesso, até que um dia, ela escuta uma voz que se propõe a ensiná-la a cantar. Depois de três meses de estudo, ela aprendeu a cantar maravilhosamente bem, graças ao fantasma que lhe assoprava lições e que ela imaginou ser o anjo da Música, sem saber direito da onde aquela voz vinha.
O fantasma se encanta pela voz e por Christine e exige que os diretores escalem a moça para cantar na obra Fausto, em substituição à principal cantora chamada Carlota. Obviamente, os diretores não ligam para as ameaças do fantasma e assim, durante a apresentação de Fausto, com Carlota, o grande lustre desaba sobre a plateia.
O fantasma leva Christine para os subterrâneos. A intenção é ficar com a moça alguns dias para ver se ela se apaixona por ele. Entretanto, Christine está apaixonada por Raoul, um marinheiro que foi seu amigo de infância. O fantasma a deixa partir e ela reencontra Raoul que deverá partir em breve para uma missão em um navio. Então, Christine propõe que eles finjam serem noivos por um mês. Raoul concorda com a brincadeira, acreditando que em um mês convencerá a moça a se casar com ele, já que ela diz que não pode ficar com ele, porque o anjo da música não permitiria.
Nesse mês, os dois se envolvem tanto e ficam tão apaixonados que resolvem fugir. Christine fará uma ultima apresentação em agradecimento ao fantasma por tê-la ensinado a cantar e depois fugirá, sem que o fantasma perceba. Entretanto, o fantasma que construiu todas as passagens e conhece os subterrâneos da Ópera como ninguém, faz apagar a luz na hora do espetáculo e rapta Christine.
Então, Raoul e um homem conhecido como Persa e que diz conhecer Erick vão em busca de Christine pelos subterrâneos da Ópera. Mas o Fantasma os aprisiona em uma câmara de tortura e ameaça matá-los e ao público da Ópera se Christine não se casar com ele.
Vou parar por aqui para não contar o fim da trama, mas o que você deve saber é que parte do grande sucesso da história, é que desde o início, o escritor Gaston Leroux dizia que o fantasma realmente existiu. Como jornalista policial, ele coloca dados, declarações e informações para confundir o leitor e achar que realmente sua história de ficção aconteceu. É uma técnica muito interessante que alguns escritores que foram jornalistas também utilizaram.
O autor descreve Erick como um tipo de gênio das artes e da arquitetura e que acreditava que o teatro era seu. Mas, o tempo todo, o escritor também está discutindo o fascínio da arte, principalmente, por aqueles que anseiam serem estrelas como Christine. Também fala do modo que a arte pode ser apenas correta tecnicamente, como quando interpretada pela cantora principal, Carlota, ou verdadeiramente emocionante, quando interpretada por Christine.
Em 1925, é feita a primeira adaptação para o cinema, que ainda era mudo e que contou com a ajuda do próprio Gaston Leroux. De lá para cá, foram dezenas de filmagens e montagens, até que em 1986, Andrew Lloyd Webber escreve a adaptação para uma montagem em Londres que fez tanto sucesso que correu o mundo e ainda continua em cartaz. É o musical mais visto de todos os tempos e que já faturou milhões de dólares. Obviamente, como quase toda adaptação, não segue o livro ao pé da letra.
O musical de O Fantasma da Ópera é lindíssimo e recomendo que o assista, se você tiver oportunidade, mas recomendo ainda mais firmemente que você leia o livro antes de assistir a qualquer montagem. Aliás, a prática de sempre ler o livro, antes ou depois de assistir a uma adaptação, nos permite compreender melhor qualquer história, além de conhecer a obra original.
Vídeo-resenha: https://www.youtube.com/watch?v=PGlodw2U8uk
FICHA TÉCNICA
Título Original – Le Fantôme de l’Opéra
Edição Original – 1910
Edição utilizada nessa resenha – 2020
Editora Principis – Jandira SP
Número de páginas – 320