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O MUNDO

          O mundo é um lugar engraçado. Cabe tanta coisa nele e, de vez em quando, parece que não cabe mais nada. De vez em quando, parece que ele vai explodir de tão cheio. É nessas horas que a gente tem de fazer uma boa faxina. Jogar fora a raiva, a mágoa, o ressentimento, a pequenez, a dor, e tanta coisa ruim que ocupa espaço demais.

        Quando todas essas coisas ruins vão embora, a esperança aparece naquele bosque lá longe. É longe, mas já dá pra ver o caminho e ele é tão arborizado!

         Quando todas essas coisas ruins vão embora, elas descortinam o sol e a alma começa novamente a ficar quentinha.

       Quando todas essas coisas ruins vão embora, o lago volta a ser um bom lugar pra se nadar e, mesmo que a gente não se jogue logo de cabeça, é bom demais colocar os pés, depois as pernas e sentir que a água não está gelada como a gente imaginava e que dá pra confiar de novo e se entregar ao abraço da água.

       Quando todas essas coisas ruins vão embora, o ruído silencia e é possível ouvir o canto feliz e harmonioso de um bem-te-vi.

         Quando todas essas coisas ruins vão embora, o mundo abre espaço para aquela criança que a gente queria tanto, poder nascer. E ela nasce pequenininha, frágil, precisando de cuidados, mas o mundo tá limpo, tem sol, tem água fresca, tem música no ar e aquele bebê, logo se transforma em uma criança forte que nos sorri e com seu sorriso nos invade de luz.

        E a gente compreende, naquele momento, que é preciso manter nosso mundo limpo porque aquela criança é mais importante do que tudo e que sem ela, a vida não tem cor.

          O mundo é um lugar engraçado. Cabe tanta coisa nele...

São Paulo, 06/12/22

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