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O PERFUME

          Nós estamos mais acostumados à literatura fantástica sul-americana como de Gabriel Garcia Marques ou Isabel Allende, mas um dos livros que eu considero entre os mais importantes de literatura fantástica e bastante original, é O Perfume, do escritor alemão Patrick Süskind.

          Suskind, que nasceu em 1949, não é muito conhecido porque é um escritor avesso à notoriedade, não gosta sequer de fazer o lançamento de seus livros ou de noite de autógrafos. E sua obra O Perfume só se tornou conhecida no mundo todo, em virtude de ter sido transformada em filme, em 2006, que fez grande sucesso, e que possibilitou que o livro fosse editado em mais de quarenta línguas e vendesse milhões de exemplares. Há atualmente uma versão mais moderna do filme que está na Netflix com o nome O Perfumista.

          Apesar de ser alemão, o escritor estudou história medieval e moderna na França, o que explica o fato do romance se passar na França, no século XVIII. Ou seja, ele consegue retratar com segurança o cenário e a época que ele escolheu para ambientar O Perfume. E esse é só mais um dos grandes méritos do livro. 

          Para mim, o maior mérito de todos é a originalidade da história. Era uma época em que não havia esgoto e as ruas fediam a mijo e a toda espécie de lixo, as pessoas não tomavam banho, não escovavam os dentes que, na maioria das vezes, eram podres. Tudo fedia e já que Paris era a maior cidade da França, seu fedor também era maior. Pois é nesse lugar fedorento que surge um personagem muito, muito diferente, o francês Jean-Baptiste Grenouille, que teve um nascimento horrível. Sua mãe trabalhava em uma peixaria e depois do parto estava pronta para fazer como das outras vezes em que dera à luz. Ela pegou a faca para cortar o cordão umbilical e em seguida matar a criança, mas devido a um forte cheiro ela desmaiou. Quando foi encontrada, ouviram o choro da criança e a mãe foi presa e depois decapitada.

          A criança recém-nascida passou por várias amas que sempre a devolviam ou porque sugavam completamente a ama de leite, ou porque o pequeno bebê, inexplicavelmente, cheirava diferente dos outros recém-nascidos, ou melhor, não cheirava. Por fim, ele é entregue à Madame Gaillard, na sua casa passou a infância e já demonstrava características muito incomuns como não ter medo de nada e como parecia capaz de enxergar através das paredes e de portas trancadas. O que não se imaginava era que justamente por não ter qualquer cheiro próprio, Grenouille tinha um olfato fora do comum e conseguia cheirar através de obstáculos a quilômetros de distância.

       Um pouco mais crescido, aos oito anos, Grenouille foi morar e trabalhar em um curtume. Trabalhava o dia todo sem reclamar. Carregava as peles, lavava-as, curtia, esfregava, tudo que fosse preciso para sobreviver. E justamente em um curtume que tem um cheiros muito forte e ruim.  

          Aos doze anos, começou a andar sozinho por Paris e a cheirar todos os odores possíveis, os quais ele jamais esquecia. É nessa época também que ele cheira um odor muito especial e pelo qual vai buscar toda sua vida.

           Para conseguir seu objetivo, ele consegue ir trabalhar para um mestre perfumeiro e usando o seu olfato privilegiado inventar os mais deslumbrantes perfumes. A partir daí, a historia se desenvolve muito diferente do que imaginamos. 

          É um livro de fácil leitura e que entretêm porque, além do elemento fantástico, da originalidade, também tem uma narrativa muito bem construída em termos de suspense. O leitor sempre acompanha os passos de Grenouille sem saber direito do que ele é capaz ou o que pretende. Além disso, é um livro com forte predominância da exploração do olfato e, graças à quantidade de descrições de cheiros que o autor utiliza com destreza, e que demonstra uma pesquisa muito bem feita, quase somos capazes de sentir os cheiros descritos.

Vídeo-resenha: https://www.youtube.com/watch?v=Q9Jv97NVyTI&t=11s

FICHA TÉCNICA

Título Original – Das Parfum, die Geschichte eines Mörders

Edição Original – 1985

Edição utilizada nessa resenha: 1986

Editora - Record

Páginas: 255

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