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        OS LOUCOS DA RUA MAZUR

          Os loucos da Rua Mazur, do autor João Pinto Coelho, ganhou, em 2017, o prêmio Leya que é um dos principais prêmios de literatura. A editora Leya portuguesa premia com 100 mil euros ao melhor original todos os anos.

        Esse é o segundo romance de João Pinto Coelho que, na verdade, é um arquiteto e professor de artes visuais e como tal, teve a oportunidade de integrar o Conselho da Europa, trabalhando em Auschwitz, na Polônia, ajudando na investigação sobre o Holocausto.

          O trabalho foi a inspiração para o livro, já que a história se passa em uma pequena cidade da Polônia que tem uma particularidade que a difere de outras cidades, ela é praticamente dividida ao meio entre judeus e católicos. Obviamente essa convivência nem sempre foi fácil, mas seguiu pacífica por centenas de anos até que estoura a segunda guerra mundial. Naquele momento, antigos ressentimentos entre os dois grupos religiosos vêm à tona quando a cidade é dominada ora por soviéticos, ora por alemães.

        Esse é o pano de fundo para contar a amizade entre três amigos muito diferentes que se conhecem desde crianças: Yankel, um judeu cego, Shionka, a filha de uma feiticeira que mora na floresta nos arredores da cidade, e Erik, o católico do trio.

           O livro começa quando, anos depois de conviverem juntos na Polônia, Erik, que se tornou um escritor, procura Yankel em sua livraria em Paris para convencê-lo a lhe ajudar a contar a história dos três e de sua cidade em um novo romance. No começo, Yankel reluta, mas acaba por ceder ao desejo do antigo amigo.

           Eles já são pessoas idosas e o livro sobre eles é a oportunidade que eles vão ter de reviver e esclarecer muitos pontos obscuros da amizade e resolver antigas mágoas.

       Então, à medida que a história avança, nós vamos conhecendo tudo que aconteceu com esses três personagens, enquanto vamos vendo de perto como as pessoas se transformam em uma situação de guerra.

            É um bom livro. Não foi feita a tradução para o português do Brasil, então há alguns termos e até alguns trechos que tornam a leitura mais difícil como “Quando era acutilante, dava sempre azo a melindres, mas nenhum deles duvidava de que seria tido em conta.” Nesses momentos, você precisa ler mais de uma vez para apreender o sentido, mesmo que você não conheça as palavras, ou porque não existem no português do Brasil ou porque não são frequentemente utilizadas entre nós. É como ler qualquer livro estrangeiro no original. A única diferença é que às vezes a gente se esquece que o português do Brasil e de Portugal tem muitas variantes.

           Para terminar, fiquei surpresa com uma coisa que você que já leu ou ainda vai ler pode reparar. O título remete a uma rua, mas essa rua Mazur, praticamente, não aparece na história. Na minha opinião, deveria ser os loucos da cidade tal, mas também o nome da cidade não aparece na história. O narrador e os personagens só se referem a ela como shtetl, um termo em iídiche que designa as pequenas cidades existentes no leste da Europa e onde moravam muitos judeus. Talvez seja por isso que o autor tenha optado pelo nome da rua, o que não deixou de ser um ótimo título para um romance.

Vídeo resenha: https://youtu.be/l3Em2B0hoqQ

FICHA TÉCNICA

Título Original – Os Loucos da Rua Mazur

Edição Original – 2018

Edição utilizada nessa resenha – 2018

Editora Leya – Rio de Janeiro

Número de páginas – 318

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