Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
PESSOA DE FÉ
Falar de religião em crônica é sempre cutucar a onça com vara curta. Mas já que hoje estou me sentindo corajosa, vamos ver se consigo me expressar a contento.
Atualmente, não sigo qualquer religião, mas tenho uma fé enorme em uma divindade que pode ter todas as formas ou nenhuma. Esse Deus ou Deusa que olha por mim, é que me faz ter fé na humanidade e me esforçar para ser alguém melhor a cada dia. Não preciso de nenhum autodeclarado representante de Deus na Terra para me dizer o que fazer ou não fazer, o que é certo ou o que é errado. Afinal, todos os representantes, sejam padres, pastores, rabinos, imames... são seres humanos que erram, assim como eu. Não são especiais, por mais que alguns acreditem nisso.
Ando muito preocupada em ver como as pessoas são iludidas pela religião. Como dão o pouco dinheiro que têm para um fundo que ninguém sabe o que tem no fundo. Se todo o dinheiro é para a caridade, como que as igrejas estão cada vez mais ricas? Será que aquele mármore todo, o aluguel daquele prédio caro, o carro ou casa chique do representante de Deus, não veio justamente da sua contribuição, esmola, dízimo... chame como quiser?
Todo mundo sabe o que tem de fazer para ser uma pessoa melhor. Ninguém precisa seguir o rebanho, pode escolher um outro caminho e mesmo assim ser alguém honesto, prestativo, que ajuda desinteressadamente a quem precisa. Falar a verdade, não trair quem confia em nós, não pegar o que não nos pertence, ser mais flexível, mais empático, será que precisamos de alguém para nos dizer como fazer?
Um amigo me diz que é o convívio com outras pessoas, o pertencimento a um grupo, o que fascina os seguidores de religião. Poder se definir como católico, evangélico, judeu, muçulmano... Pode ser. Entretanto, não entendo bem porque as pessoas precisam de rótulos. Quando rezo sozinha a Deus, não me sinto sozinha. Não preciso de nenhum grupo e nem preciso que esse Deus, que pode ser apenas uma forte energia criadora, também tenha um nome. Acho mesmo é que as pessoas precisam de outras que jurem sentir o que elas sentem para não se acharem malucas. Esquecem que é crer no invisível o mistério que chamamos de Fé.
As pessoas também esquecem que fé e religião não são a mesma coisa. Posso ter fé e não seguir nenhuma organização religiosa. Posso não concordar que um grupo queira “organizar” minha fé. Basta estudar história para ver como as religiões erraram e continuam errando. Isso não significa que a fé esteja errada, mas somente a religião.
É isso. Sou apenas uma pessoa de fé.