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QUANTO RISO
ÓH, QUANTA ALEGRIA

  Atravesso a cidade buscando caminhos alternativos. É carnaval e muitas ruas estão interditadas por causa dos blocos. Demoro muito mais do que imaginei, mas não me aborreço. Gosto de ver as pessoas sorrindo fantasiadas, dançando pelas calçadas, uma massa alegre acompanhando o carro de som e tomando conta do asfalto que desaparece sob os pés dos foliões. É quase uma outra cidade: colorida, leve, feliz!

       Nas redes sociais, os eternos rabugentos reclamam do carnaval. Falam que o dinheiro gasto pela prefeitura poderia ser usado em obras públicas, mas se esquecem de que o carnaval é obra pública que promove milhares de empregos, que lota os hotéis, os restaurantes, aquecem o turismo, dão renda aos ambulantes, aos artistas e seus técnicos, ao comércio de fantasias e de tantos outros produtos. Mas, principalmente, se esquecem de que não há melhor obra do que aquela que traz alegria ao povo.

     Gente mal-humorada me cansa. Parecem que estão sempre incomodados com a felicidade alheia. Acham-se muito politizados e olham os carnavalescos como alienados. Não tem nada a ver com alienação. Tem a ver com o hábito saudável do brasileiro de não permitir que a falta de dinheiro, a vida dura de todo dia, principalmente do paulistano, apague o brilho do sonho, que ressurge a cada ano.

          Não pulei carnaval. Não saí atrás dos blocos, mas olho todo esse movimento com imensa simpatia. O Carnaval do Brasil é único, não importa os vários tipos de carnaval que aconteçam de norte a sul. Os desfiles da Sapucaí, os blocos de São Paulo, os trios elétricos da Bahia, o frevo de Pernambuco.... esse é o país mais rico do mundo em cultura, mesmo que um bando de infelizes ache que cultura não é importante.

        Vão acontecer excessos? Claro que sim. Muita coisa pode dar errado? Claro que sim. Mas as crianças vestidas de piratas que brincam ao lado do meu carro jogando confete pro alto, os namorados de Pierrô e Colombina que se beijam apaixonados, os idosos que sorriem e cantam bem alto quando a marchinha executada é de seu tempo, toda essa felicidade explícita vale a pena muito mais do que qualquer lado negativo que o carnaval possa ter.

         Amanha é quarta-feira. Mais um carnaval termina e o brasileiro vai voltar para o trabalho com um sorriso nos lábios, um pouco de glitter no cabelo e muita história pra contar. Essa é a vida que vale a pena ser vivida.

SP 13/02/24

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