
Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
TRATOS COM DEUS

De vez em quando, mas bem de vez em quando porque tenho medo de irritá-Lo, barganho com Deus.
Peço coisas muito difíceis, quase impossíveis, e ofereço umas pedrinhas sem valor, uns espelhinhos enfeitados, no melhor estilo português.
Certa vez, no início da década de 80, a minha parte no trato consistia em abolir o refrigerante da minha vida. Devo admitir, baixinho, que não foi nada difícil e depois, pensando bem, até foi bom para manter a forma. Ou seja, ainda saí ganhando e acho que Ele nem percebeu. Ledo engano! Claro que percebeu, mas eu gosto de imaginar que sou esperta.
Para os outros tratos, ao longo dos anos, com medo de não ser atendida, perguntei antes e Ele me inspirou. Ofereci a minha parte, de acordo com os seus ensinamentos e parece que Ele gostou porque me ajudou prontamente. Entretanto, procuro não abusar. Afinal, o Ser tem muito serviço pelo mundo afora e eu sou uma formiguinha um pouco intrometida.
Agora preciso de uma nova ajuda divina. E uma bem grande!
Resolvi perguntar diretamente o que Ele deseja para o novo trato. Telefonei, mandei mensagem de whats, bati na porta da Sua casa, falei com Seus enviados, mas o silêncio foi tão alto que concluí que Ele não queria mais saber de tratos comigo.
Andei cabisbaixa por alguns dias, sem saber que rumo tomar. Até lembrar que esse é o mistério da fé.
Ora, claro que já sou bem grandinha para saber o que devo fazer e, de propósito, Ele emudeceu. Pedi desculpa. Essa coisa de livre arbítrio me deixa insegura.
Redigi nosso trato, revisei, fiz com que ele coubesse no resto da minha vida, pois para grandes pedidos, grandes compromissos. Entendi!
Assinei e lhe entreguei.
Agora é só esperar... pelo melhor!
SP 06/05/24